sábado, julho 30, 2005

A serra com que ninguém se importa...

Existe um "ponto de contacto" entre estas duas fotos: uma é a serra algarvia vista do litoral, a outra corresponde à situação inversa: é a costa algarvia vista da Serra. São duas faces da mesma moeda que se chama Algarve. E entre as quais não poderia existir maior contraste como aquele que existe ao ver estas duas fotos: não vou dizer mais nada, porque uma imagem (neste caso duas) vale mais do que mil palavras!
Para muitas veraneantes que demandam o Algarve desde já a partir de hoje - graças à possibilidade aberta por um fim-de-semana logo antes do início do "terrível" mês de Agosto (o mês preferido de férias dos portugueses) -, a serra não é mais que um "empecilho", que desde há uns anos com a inauguração da auto-estrada Lisboa/Algarve foi reduzido a um grau de desconforto mínimo, com a eliminação das irritantes curvas quando se chega ao momento de penetrar do Algarve. É tipo como se fosse um obstáculo que é necessário vencer para se poder receber o grande prémio, que é o reconforto de nos irmos banhar no mar que vai aparecendo aos poucos para depois da Serra. Pena que a Serra Algarvia só tenha sido notícia o ano passado por ocasião do grande incêndio que deflagrou em Almodôvar e foi-se propagando para Sul, na direcção de São Brás de Alportel, atravessando a região de Barranco-do-Velho, isto e outro incêndio que ocorreu mais próximo da minha região ocorrido na zona serrana do concelho de Tavira. Mas não se pode remover os montes do sítio, eles estão lá, para o que der e ver, e constituem em boa parte mais de três quartos da área do distrito de Faro, mas permanecem ignorados.
Eu tive a oportunidade há poucas dias de visitar a serra a norte da minha área, e estive em localidades com nomes que pouco podem dizer a muita gente como Estorninhos ou Corte António Martins. A palavra que resume melhor o que se encontra nesta zona podia ser de abandono e desertificação, mas na realidade não é isso que se passa, visto que muitos estrangeiros aproveitam os baixos preços dos terrenos na serra para os comprarem e neles erigirem as suas vivendas pessoais. E em muitas zonas, particularmente naquelas que eu atravessei, não existe nenhuma colina que não tenha no seu topo uma casinha construída por alguém estrangeiro. As melhores vivendas são aquelas que foram construídas tendo por base ruínas de moinhos, já que a arquitectura de base conservou a ruína, constatando-se esse facto através da forma circular que o edifício apresenta. Houve mesmo um caso em que encontrei um moinho completamente recuperado, apesar de não se encontrar a funcionar. E anúncios na Internet a alugar algumas dessas vivendas para fazer turismo de habitação é o que não falta! Apesar de tudo, são os estrangeiros que andam a povoar a serra, esta, no entanto, mantém todo um conjunto de valores naturais que poderiam satisfazer muito boa gente com espírito de aventura e que não se satisfaz apenas em ir a banhos na costa. É só arranjar um mapa dessas serranias e um todo-o-terreno, mantendo, é claro, também respeito pela natura pré-existente, e podiam-se passar umas boas férias alternativas! Aqui fica o link para a secção que abri no Flickr dedicada exclusivamente à serra algarvia (até adquiri uma conta Pro de propósito porque na gratuita não me deixam criar mais do que três secções, mas desta forma também livro-me da publicidade).

quarta-feira, julho 27, 2005

Volta anticiclone dos Açores estás perdoado!!!

Pois é, quando toda a gente que depois de nove meses de seca o tempo iria continuar de Sol de maneira que pudesse corresponder às suas férias, eis que o tempo mais uma vez volta a estar ao contrário precisamente daquilo que toda a gente deseja e... começa a chover em pleno Verão. Se bem que apenas umas pinguinhas aqui no Algarve, mas mesmo assim, o suficiente para estragar as férias a muito boa gente. Para além disso, as temperaturas desceram para valores de Primavera (ou Outono, se assim prefererirem), andando entre os 20 e os 25ºC. Isto tudo porque o Anticiclone dos Açores - que normalmente costuma situar-se estacionário sobre os Açores nesta época do ano impedindo a passagem de superfícies frontais e mantendo o tempo quente sem nuvens durante toda esta época do ano - decidiu ele próprio passar férias mais para Sul. Isto depois de ter andado a influenciar a seca durante o Inverno, ao fazer nessa altura o que ele devia estar a fazer agora! O tempo anda completamente de candeias às avessas, não chove quando devia ser como no Outono ou Inverno e vem chover no Verão. Daqui a pouco deviam mudar as férias de Verão para Dezembro, que é quando as fazes nos países no Hemisfério Sul, como Austrália e África do Sul. No ano passado, por esta altura, estávamos no princípio da maior vaga de calor que quebrou o recorde absoluto de temperatura em Portugal Continental (Amareleja, com 47ºC!), este ano estamos de chuva. Os únicos contentes este tempo devem ser os bombeiros, que assim podem tirar uns bons dias de folga descansados com a amiga chuva a fazer-lhes o trabalho! Vamos ver se para a semana o tempo não fica ao contrário, com os termómetros a rondarem novamente os 40ºC. Algo que infelizmente, nas actuais condições climáticas, já não surpreenderia ninguém!

domingo, julho 24, 2005

These are the days of our lives (Queen)

Sometimes I get to feelin'
I was back in the old days - long ago
When we were kids when we were young
Thing seemed so perfect - you know
The days were endless we were crazy we were young
The sun was always shinin' - we just lived for fun
Sometimes it seems like lately - I just don't know
The rest of my life's been just a show

Those were the days of our lives
The bad things in life were so few
Those days are all gone now but one thing is true
When I look and I find I still love you

You can't turn back the clock
Tu can't turn back the tide
Ain't that a shame ?
I'd like to go back one time on a roller coaster ride
When life was just a game
No use in sitting and thinkin' on what you did
When you can lay back and enjoy it through your kids
Sometimes it seems like lately - I just don't know
Better sit back and go with the flow

Cos these are the days of our lives
They've flown in the swiftness of time
These days are all gone now but some things remain
When I look and I find no change

Those were the days of our lives - yeah
The bad things in life were so few
Those days are all gone now but one thing's still true
When I look and I find
I still love you

I still love you...
Fonte original: http://www.lyricsfreak.com/q/queen/112346.html

Matrix

Já que estou numa de recuperar algumas das minhas artigas opiniões que andam aí algures espalhadas pelo ciberespaço, deixo aqui uma que escrevi há uns cinco anos para uma coisa que na altura se chamavam newsgroups (ou grupos de discussão, em português), que alguns dos mais recentes internautas não devem conhecer, mas que, numa altura em que ainda não existiam as actuais comunidades baseadas em fóruns que usam software, do qual o mais conhecido é sem dúvida o phpBB. Aqui fica o meu artigo sobre o grande sucesso da sétima arte de 1999 - a obra-prima dos irmãos Wachowski - Matrix:
Não foste o único de certeza, pois eu na noite em que vi o filme passei-o a "digerir" (o fime) em sonhos - nessa noite era só na "Matrix" que pensava, em nada mais mesmo. Foi interessante rever Keanu Reeves num papel semelhante àquele em que desempenhou em "Johnny Mnemonic" - parece-me que o actor havaiano arrisca-se a vir-se a tornar um actor-tipo para este tipo de filmes - da cultura "cyberpunk" - para além dos excelentes papéis que desempenhou noutros filmes como por exemplo "Speed". A propósito das ideias que vêm ao de cima durante a apresentação do filme estou agora a ler o livro "O Zoo Humano" de Desmond Morris - espero que o assunto em que me vou debruçar de seguida não torne este post demasiado "off-topic" - publicado pela Europa - América. Nele, o autor, já conhecido doutro livro anterior - "O Macaco Nu" - refere que o ser humano de hoje em dia exibe muitos comportamentos comuns com os animais que vivem enjaulados no zoo. Penso que este filme "mexe" com o espectador na medida em que deixa vir "à tona" sentimentos comuns a muito boa gente - da impotência que sentimos face o mundo de que fazemos parte, do modo como ele nos esmaga ou aprisiona. Neste filme, as artes marciais são vistas como uma forma de combater a "Matrix" - não admira, pois muita gente encontra nelas formas de escape à nossa vida ritualizada de todos os dias. Para confirmar esta ideia basta salientar como Neo (a personagem de Keanu Reeves, se bem se recordam) desperta para a fatal realidade - é através dum comprimido - tal faz-me lembrar as "tripes" que muito boa gente gosta de experimentar para entrar "noutra onda" que a nossa realidade quotidiana não permite. Por outro lado, este filme teve em condão de me fazer despertar perguntas a mim mesmo - até que pontos podemos confiar na nossa realidade? Não estarão os nossos sentidos a iludir-nos? Esta ideia é tão antiga desde Platão - que fez referência a ela na sua famosa "Alegoria da Caverna". Para além de tudo o que ficou acima dito, há ainda a salientar o retrato da condição humana que este filme transmite - a ideia de uma imensa colónia de seres humanos a viverem em casulos para alimentar energeticamente as maquinas que dela dependem - é uma alegoria macabra (na minha opinião) do mundo dos nossos dias.

sábado, julho 23, 2005

O retrato de Dorian Gray

Uma opinião a respeito da obra capital de Oscar Wilde, que li há cerca de um ano e que estava um tanto perdida no forum Filhos de Atena:
Fiquei a conhecer o personagem (Dorian Gray) pela sua participação no filme A Liga dos Cavaleiros Extraordinários, onde ele contracena com outras personagens de romances da mesma época, como Allan Quartermain, o Capitão Nemo, o Dr. Jekyll, etc. Daí a curiosidade pela história dum personagem que não envelhece, sendo o retrato que o faz em vez dele. Por comentários que li, esta obra é considerada autobiográfica (apesar de a biografia do Wilde ser mais famosa do que qualquer das suas obras), não sendo de certo modo estranho ver que o próprio morreu de certo modo jovem (44 anos) e aquela relação entre o protagonista principal e Lord Henry ser por muitos considerada muito reminiscente da própria relação "homo" que o autor manteve. Quais terão sido as verdadeiras motivações de Wilde ao escrever a sua obra ? Para muitos é considerado o mais violento ataque à hipocrisia da sociedade vitoriana, sendo também uma história de perda de inocência e ingresso na maioridade como muitas outras que por aí andam. O gosto pelo decadente que é também muito vulgar nesta época (materializado por Nietzsche no termo niilismo na mesma época) está também muito presente. Ao fim e ao cabo que se trata dum acérrimo ataque aos valores decadentes e hipócritas da sociedade vitoriana (onde surgiu o termo de gentleman, se não me engano), personificados por um personagem (Lord Henry) e por alguém que perdeu a sua inocência ao segui-las (Dorian Gray). Enfim, muitas mais interpretações se podem ter sob esta obra. Só sei que mal lhe peguei foi de a ler daí até ao fim quase sem parar

The show must go on! (Queen)

Empty spaces - what are we living for
Abandoned places - I guess we know the score
On and on, does anybody know what we are looking for...
Another hero, another mindless crime
Behind the curtain, in the pantomime
Hold the line, does anybody want to take it anymore

The show must go on,
The show must go on
Inside my heart is breaking
My make-up may be flaking
But my smile still stays on.

Whatever happens, I'll leave it all to chance
Another heartache, another failed romance
On and on, does anybody know what we are living for? 
I guess I'm learning, I must be warmer now
I'll soon be turning, round the corner now
Outside the dawn is breaking
But inside in the dark I'm aching to be free

The show must go on
The show must go on
Inside my heart is breaking
My make-up may be flaking
But my smile still stays on

My soul is painted like the wings of butterflies
Fairytales of yesterday will grow but never die
I can fly - my friends!

The show must go on
The show must go on
I'll face it with a grin
I'm never giving in
On - with the show -
I'll top the bill, I'll overkill
I have to find the will to carry on
On with the -
On with the show -
The show must go on...
Fonte original: http://www.lyricsfreak.com/q/queen/112470.html

" A Queda"

Foi este filme único que fui ver ontem nos claustros do antigo Convento do Carmo, integrada na 6ª mostra de Cinema Europeu de Tavira, organizado pelo Cineclube de Tavira. Este filme é único porque é a primeira vez que vemos um filme sobre a Segunda Grande Guerra contado do lado de uma das nações que a perdeu, a Alemanha. O filme é contado do ponto de vista da jovem secretária pessoal do führer, Traudl Junge , que o via como uma figura paternal, sendo bocado produzido de acordo com essa perspectiva, podendo parecer a alguns espectadores uma tentativa de desculpabilizar o maior responsável pela maior máquina de ceifar vidas da história. Mas não se trata disso, a figura interpretada por Bruno Ganz acaba por confirmar em grande medida a ideia de um homem pérfido, uma figura que não respeitava as diferenças e que se orgulhava de supostamente ter conseguido eliminar todos os judeus da Europa e algumas coisas mais que são de sobremaneira do conhecimento de toda a gente. A forma como queria deixar morrer o povo alemão pela forma como supostamente se tinha deixado perder na guerra, e por esse motivo não pretender merecer permanecer a existir, consubstanciando dessa maneira qualquer esforço por parte dos seus colaboradores mais imediatos como Himmler, que pediam para fazer a paz com os aliados, de forma a evitar o maior sofrimento por parte dos alemães. O filme é consistente e muito objectivo em relação a todos os factos que se passaram. Não existe em nenhum ponto, por aquilo que me é dado ver, que se possa ter feito ficção. Isto é um filme que só podia ter sido realizado pelos alemães, porque se o fosse por parte de outra proveniência, nunca seria real, por parte de um povo que um guarda na sua consciência colectiva todos os males perpretados durante 12 anos de nazismo no poder e 6 de guerra. Este filme acaba por ser se calhar um bocado o descarregar desse sentimento de culpa que os alemães guardaram durante mais de sessenta anos, e que lhes ainda está atravessado na garganta.

quarta-feira, julho 20, 2005

E tudo foi abaixo...

No passado dia 11 de Julho (2ª Feira) teve lugar a cerimónia de lançamento da primeira pedra do novo edifício da Junta de Cabanas, cuja frontaria vai ficar voltada para a Avenida Ria Formosa no local onde se encontrava o antigo mercado e lota, depois do edifício do Clube Recreativo Cabanense, para quem vem da parte baixa onde se apanha o barco para ir para a praia. Custou um bocado ver o antigo mercado ir abaixo, para quem se habituou uma vida inteira a ver aquilo no estado que estava dantes. Estranho (ou secalhar não é razão para tal) é esta obra começar apenas a menos de três meses das eleições autárquicas, quando o projecto já existe há alguns quantos anos (lembro-me de ver isso na barraca de projectos de obras que todos os anos a junta mostra em agosto durante as festas de Verão). Não é que a junta esteja mal no sítio onde até agora tem estado (se bem que o espaço é arrendado), mas a três meses das eleições é que se lembraram... estranho! Para mim, não me afecta nada sob qual vai ser a minha intenção de voto. Mais detalhes no site da Câmara Municipal de Tavira. Mais notícias no site do Jornal Região Sul.

terça-feira, julho 19, 2005

Recordando Nietzsche

Depois de ter andado muito tempo a ler apenas ficção científica, o meu género literário preferido, e agora que estou definitivamente de férias, decidi dedicar-me a um estilo completamente distinto: Filosofia, que de literário não tem muito (depende do ponto de vista). E elegi um dos meus preferidos: o polémico filósofo alemão Friedrich Nietzsche , criador da corrente do niilismo, e que cunhou o conceito do Super-Homem (Übermensch, no alemão original, que não tem nada a ver com o super-herói), que, segundo alguns autores, inspirou Hitler na sua ideia de raça superior. E o livro que estou a ler é Para além do bem e do Mal - prelúdio de uma filosofia do futuro (no original alemão Jenseits von Gut und Böse. Vorspiel einer Philosophie der Zukunft ). Encontrei na secção 15 (não sei se é assim que se devem chamar, mas na obra cada trecho encontra-se numeradas cada uma das secções com temas diferentes) a seguinte afirmação, a qual decidi destacar (estou a usar a tradução portuguesa do Círculo de Leitores, de 1996): (...)E há quem diga que o mundo exterior é obra dos nossos órgãos dos sentidos! Mas, então, o nosso próprio corpo, como parte desse mundo exterior, seria a obra dos nossos órgãos dos sentidos! Sendo assim, os nossos próprios órgãos dos sentidos seriam obra... dos nossos órgãos! Isto é, segundo me parece uma radical reductio ad absurdum; partindo-se do princípio que o conceito de uma causa sui é fundamentalmente algo de absurdo. Por conseguinte, o mundo exterior não é obra dos nossos sentidos? Bastante sugestivo, dá que pensar... Mas para mim, a minha afirmação preferida de Nietzsche continua a ser "O que não me mata, torna-me mais forte!" (não me recordo em que livro ela aparece), mas a afirmação mais famosa de Nietzsche continua a ser Deus está morto, viva o Super Homem, patente na sua obra mais emblemática, Assim Falavra Zarathustra .

segunda-feira, julho 18, 2005

Foi por pouco...

Esta última noite ia voltando de Faro, quando já em Cabanas, muito próximo de casa, notei qualquer coisa estranha no meio da estrada. E eis que me deparo com o que parece ser um "pequeno poste" mesmo no meio da estrada, desviei-me por pouco, se bem que o objecto divida a rua em duas metades quase iguais, não cabe no entanto quase um carro de cada lado, e isto, sem qualquer sinalização de outros perigos ou trabalhos na estrada, nada, absolutamente. Se bem que a rua apresenta pouco movimento, e os carros não passem quanto muito no máximo a 40 km/h e compreendendo a razão da necessidade do procedimento da obra para reparar um buraco de acesso à rede de saneamento público (ao que consta a tampa tinha saltado!), e que é uma situação que no dia de amanhã (19 de Julho) irá estar resolvida, impunha-se sinalizar minimamente esta irregularidade em via pública tendo em conta que era de noite e o local possui deficiente iluminação pública. O condutor do carro que aparece ao fundo, na foto, decidiu por exemplo, para evitar males maiores, tomar a rua da esquerda, depois de se ter deparado com semelhante espectáculo! Vou enviar uma foto por e-mail para a Câmara de Tavira a mesma foto, se bem que já vá tarde e que não sirva de grande coisa...

sábado, julho 16, 2005

Ondas gigantes há muitas, seus palermas...

As aparências bem enganam... é o melhor título que posso encontrar para descrever a situação que se passa na foto da direita e que foi tirada no passado dia 3 de Julho. Nesse dia devia haver uma humidade fora do vulgar, resultado da evaporação da água do mar conjuntamente com uma queda da temperatura a nível do mar terá favorecido a origem de nevoeiros no mar que provocam efeitos visuais na linha do horizonte dos quais o que aparece na foto é um exemplo. Estes nevoeiros provocam efeitos curiosos na linha do horizonte, dando a ilusão, para alguns observadores, de se tratar de uma "onda gigante" que parece vir a caminho da costa. Foi isso que se passou na tarde do dia 22 de Agosto de 2000, por sinal dia do meu aniversário. Nesse dia, este curioso fenómeno irrompeu com uma força que nem eu próprio tinha deparado antes, apesar de já o conhecer sobremaneira desde pequeno, e o que se terá provavelmente passado foi que o fenómeno se terá estendido até à metade ocidental do Algarve conhecida por Barlavento, onde pelos vistos não costuma ser muito vulgar, e pela intensidade que venha manifestando, terá feito com que algumas mentes menos preparadas o dessem como uma "onda gigante", que na realidade, nunca o veio a ser. Alguém terá avisado as autoridades, e depois só faltou os serviços de Protecção Civil de Faro darem o aviso, para que a Onda Gigante se tornasse "oficial", pelo menos para as autoridades, que ordenaram de imediato a evacuação das praias. Eu quando ouvi tal notícia, não quis acreditar, e isto porque não tinha ocorrido qualquer actividade sísmica que provocasse um "tsunami". Ocorreram episódios insólitos como por exemplo pessoas que saíram dos restaurantes á beira-mar sem pagarem as contas. Nas praias da ria formosa, via-se as pessoas a formarem filas de dezenas de metros para fugirem para terra firme, não fosse a onda gigante, que estava ainda "congelada" na linha do horizonte, "descongelasse" de repente e começasse a irromper por aí fora, devastando tudo. Mas na verdade, a onda nunca saiu da linha do horizonte, porque nunca passou de um fenómeno atmosférico raro, mas que naquele dia de 22 de Agosto de 2000 surgiu com uma força nunca antes vista, pelo menos na minha memória. Sejamos sinceros, se fosse um tsunami, nunca daria tempo a que as pessoas fossem avisadas a tempo de se salvarem, como aconteceu no passado dia 26 de Dezembro, no Sudoeste Asiático. A onda avançaria a centenas de quilómetros por hora, nunca permitindos situações de ver pessoas paradas, sossegadas, a olhar para o mar e dizer "Olha vem aí uma onda gigante, vem ver!". Mas, de tudo isto, o que foi mais grave foi que autoridades como a Protecção Civil foram na cantiga, não possuíndo espírito crítico para distinguir a realidade da ficção. E parece que estes crassos erros, não ficaram por aqui, pois a última "onda gigante" que voltou a varrer as costas porutuguesas foi a que se verificou no passado dia 10 de Junho, na praia de Carcavelos, com o famoso "Arrastão", que, passado um mês, se veio a verificar, no fim de contas, que foi mais o efeito "bola de neve" de um pequeno grupo de indivíduos de origem africana que começou a assaltar as pessoas levou a que daí a que todos os frequentadores da "mesma cor" que estivessem na praia, passassem a ser considerados também como "perigosos", conjuntamente com o pânico que se foi instalando entre os banhistas. E a PSP de Lisboa quis responsabilizar os jornalistas pela história, mas afinal quem mandou pedir reforços foi a própria polícia, que começou por admitir que eram 500 os indivíduos a precipitar o Arrastão. Aonde iremos todos nós neste Portugal se continuarmos assim ...?

sábado, julho 02, 2005

Não sabia que ele também era... arquitecto

Estive a visionar pela primeira vez o programa "A revolta dos pastéis de nata", na RTP-2, um talk-show que esta semana era dedicado ao tema "O Turismo em Portugal é uma grande tanga?", e tinha como convidados o engº Macário Correia, presidência da Câmara Municipal de Tavira, e o arquitecto paisagista Sebastião Pereira. Não conhecia o programa, fiquei bastante agradado por aquilo que vi, principalmente poelo trabalho desenvolvido por Luís Filipe Borges e pela sua equipa. Estou a ver a juventude a correr para ver este programa todas as sextas no segundo canal, e gravar inclusivamente! Por aquilo que vi, gostei sobretudo da intervenção do arquitecto Sebastião Pereira, que foi tudo menos formal, coisa que Macário Correia no entanto foi. No fim de contas, Macário foi extremamente previsível, estive outra vez a fazer o papel de promotor turístico do Algarve, coisa que já não engana de há vários anos a esta parte. Estava sempre aquela cantiga do "sim, eu sei que as coisas estão mal, e há exemplos disso, mas não acredito que sejam em grande número e acredito que com o tempo essas coisas vão diminuindo!". E esteve sempre assim, apenas mudando a "roupagem" desta lenga-lenga pela forma com que os temas ia mudando ao longo do decorrer do programa. Sinceramente, sr. engenheiro, aquela de dizer que também era arquitecto não lhe ficou bem, só para não ficar abaixo do arquitecto Sebastião Pereira, mas achei delicioso quando deve de realçar porque julgou que não estava sendo levado a sério com aquele "estamos a falar de coisas sérias" quando fez menção à(s) praia(s) de nudista(s) do concelho de Tavira! Isso e demasiadas referências na primeira pessoa como quando era secretário de estado nos governos do prof. Cavaco Silva de que andou a limpar as praias de Fonte de Telha e mais , e disse-o mesmo nos termos "eu limpei!", como se tivesse lá estado com o carrinho e a vassoura como todos os orgulhosos varredores de rua que são (vem-me a propósito à memória aquele corso em Tavira há uns anos em que o engº corporizou um varredor). Referências à primeira pessoa não lhe ficam bem, principalmente pelas ganas de protagonismo que mostra ter quando foi o primeiro dentro dos poucos do seu partido (mas porque a Comunicação Social portuguesa já estava à espera disso porque foi logo ter consigo) que preferiu que Santana Lopes não se submetesse a eleições. É claro que tinha razão, e os resultados comprovaram isso mesmo, mas fica sempre no ar aquela ideia de querer ter voz no partido e ser polémico por tudo ou nada, um pouco à imagem de um líder de uma ilha perdida no Atlântico. Ainda não sei em quem vou votar em Outubro, mas vamos ver. Apesar de tudo, gostei que tivesse confirmado o que disse há anos antrás, quando era presidente da liga portuguesa para o anti-tabagismo de que o "beijar uma fumadora é o mesmo que lamber um cinzeiro". Nisso dou-lhe toda a razão e fica-lhe bem que, apesar de tudo, ainda é fiel a certas coisas que disse no passado :). O mesmo não poderei dizer em relação a certas coisas de oito anos de permanência na cadeira de autarca.