domingo, julho 24, 2005
Matrix
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Não foste o único de certeza, pois eu na noite em que vi o filme passei-o a
"digerir" (o fime) em sonhos - nessa noite era só na "Matrix" que pensava,
em nada mais mesmo.
Foi interessante rever Keanu Reeves num papel semelhante àquele em que
desempenhou em "Johnny Mnemonic" - parece-me que o actor havaiano arrisca-se
a vir-se a tornar um actor-tipo para este tipo de filmes - da cultura
"cyberpunk" - para além dos excelentes papéis que desempenhou noutros filmes
como por exemplo "Speed".
A propósito das ideias que vêm ao de cima durante a apresentação do filme
estou agora a ler o livro "O Zoo Humano" de Desmond Morris - espero que o
assunto em que me vou debruçar de seguida não torne este post demasiado
"off-topic" - publicado pela Europa - América. Nele, o autor, já conhecido
doutro livro anterior - "O Macaco Nu" - refere que o ser humano de hoje em
dia exibe muitos comportamentos comuns com os animais que vivem enjaulados
no zoo. Penso que este filme "mexe" com o espectador na medida em que deixa
vir "à tona" sentimentos comuns a muito boa gente - da impotência que
sentimos face o mundo de que fazemos parte, do modo como ele nos esmaga ou
aprisiona. Neste filme, as artes marciais são vistas como uma forma de
combater a "Matrix" - não admira, pois muita gente encontra nelas formas de
escape à nossa vida ritualizada de todos os dias. Para confirmar esta ideia
basta salientar como Neo (a personagem de Keanu Reeves, se bem se recordam)
desperta para a fatal realidade - é através dum comprimido - tal faz-me
lembrar as "tripes" que muito boa gente gosta de experimentar para entrar
"noutra onda" que a nossa realidade quotidiana não permite.
Por outro lado, este filme teve em condão de me fazer despertar perguntas a
mim mesmo - até que pontos podemos confiar na nossa realidade? Não estarão
os nossos sentidos a iludir-nos? Esta ideia é tão antiga desde Platão - que
fez referência a ela na sua famosa "Alegoria da Caverna".
Para além de tudo o que ficou acima dito, há ainda a salientar o retrato da
condição humana que este filme transmite - a ideia de uma imensa colónia de
seres humanos a viverem em casulos para alimentar energeticamente as
maquinas que dela dependem - é uma alegoria macabra (na minha opinião) do
mundo dos nossos dias.
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