quinta-feira, junho 30, 2005

Cabanas - antigo e novo

Para mim, que desde há um pouco mais de um mês sou proprietário de uma máquina fotográfica digital que me permitiu finalmente a concretização de fazer algumas coisas que até agora estavam imersas no grande mar da minha imaginação, tem sido um pouco estar a apontar a máquina a tudo e qualquer coisa que acha que valha a pena fotografar. E um dos locais mais óbvios para servir de alvo tem sido a minha localidade de residência. Cabanas não deixa de ser mais um (mau) exemplo daquilo que o Algarve é: construção massificada sem grandes preocupações em saber se esta construção foi bem erigida neste local. Quando na marginal um edifício antigo é vendido, a intenção é logo construir até ao máximo permitido dentro do PDM: até ao segundo lugar, sendo este recuado. E praticamente ninguém abdica dessa possibilidade como se fosse um direito que se adquire. Ainda não faltará muito, mas em breve talvez veremos a baixa de Cabanas com uma fileira contínua de edifícios de três pisos (dois andares). Mas, apesar deste triste destino, aqui e ali ainda aparecem alguns vestígio de uma Cabanas de há mais de quarenta anos, protagonizados por esta ou aquela casinha térrea com a típica fachada algarvia, mas estes ilustres sobreviventes contam-se pelos dedos de uma mão. Na zona baixa de Cabanas onde eu moro (onde se encontra o parque de estacionamento) há vinte anos todas as casas ainda tinham a típica fachada. Actualmente, nem uma, exceptuando algumas na rua traseira (rua Vasco da Gama) - cujos proprietários em vida já faleceram - e que perderam vista para o mar devido à construção do enorme mamarracho que fizeram no lugar de todas essas casas. A leste da minha casa, no edifício que alberga os bares nocturnos e restaurantes (Cabanas-Ria) ainda me recordo duma altura em que não havia aí nada, apenas um mísero poste de telefones. Enfim, recordações remanescentes de há vinte anos. Muita coisa boa ainda podia dizer desses bons tempos de há mais de vinte anos. Noutros tempos, mas nessa altura ainda eu não era nascido, não existia marginal na "zona baixa" e então as pessoas ficavam sobre a ameaça do mar entrar para dentro das casas durante as marés vivas. A recentemente baptizada "rua da Fortaleza" só foi aberta há cerca de trinta anos, e alcatroada já eu era vivo (em 1982, prai). A marginal ia antes só até àquela curva, desembocando no actual "Largo da Armação da Abóbora" (onde termina a muralha mais antiga). Essa muralha tem cerca de 40 anos, e foi erigida juntamente com o enrocamento, com a intuito de proteger a então aldeia das investidas durante os temporais de Inverno, mais ao menos por alturas da destruição da Armação da Abóbora. Aqui fica o link para as fotos que tenho tirado sobre Cabanas.