domingo, junho 27, 2010

Um dia...

Maria estava habituada a ir todos os dias de manhã cedo ao Mercado Local da terra comprar peixe fresco. Mas naquele dia, estranhamente, encontrou as bancas de venda de peixe estranhamente vazias, ao contrário do que era habitual. Incapaz de acreditar no que estava acontecer, quis entender porque motivo não havia peixe naquela manhã. Nem peixe, nem conquilha, nenhum marisco, e todos os barcos dos pescadores em terra... como o mar não ficava muito longe... aproximou-se do mar e começou a achar estranho a cor escura que substituía o habitual azul-esverdeado marinho que costumava colorir aquelas águas. Mas naquela dia, havia um negrume nas águas, e para além disso, um cheiro pestilento, semelhante ao que se sente nas estações de abastecimento de combustível. Mas naquele dia, o cheiro emanava parecia emanar das profundezas do mar. O Mar, que costumava dar vida a todos os seus filhos que vivem no seu seio, e com os seus frutos alimentar todas as criaturas que vivem em seu redor, ao invés de transmitir vida parecia difundir sinais de morte. Então, entendeu por aquilo que diziam, que estava a jorrar crude - que é o aspecto com que o petróleo sai em bruto do interior da terra - do interior do fundo do mar, proveniente de um furo escavado por uma plataforma de exploração britânica, sedeada em Gibraltar.
Isto é apenas uma historieta em dois parágrafos tentando recriar, mas transposto para a costa portuguesa, do ocorrido no Golfo do México, depois do derrame de crude provocado pela explosão na plataforma da BP. É apenas a tentar transpor para a nossa realidade quotidiana, daquilo que se passou no Golfo do México. Imaginem, por uns instantes, que vão deixar de comer peixe vindo do vosso mar... ! Não por uma semana ou duas, mas por meses, ou mesmo anos... não haveria mais sardinha assada por ocasião das festas dos santos populares, nada de festivais de marisco... e famílias de pescadores a morrer à fome... não haveria mais regatas de vela, nem desportos náuticas, nem praia... isto tudo por causa da falta de vontade de uma supercompanhia poderosa para saber limpar o mal que fez... e de ser incapaz de reparar o mal feito !