domingo, agosto 14, 2005

Todos os anos prometem acabar com eles...

Sou cidadão de um país como Portugal, em que todos os anos assistimos à mesma coisa: um dos nossos maiores bens e riquezas naturais, a Floresta Portuguesa, a ser devorada por fogos que podiam ser muito bem evitáveis, mas que todos os anos nos impedem de não deixar de ter preocupações porque enquanto gozamos férias no litoral português, existem outros portugueses, infelizmente em menor número, que lutam pelas suas posses, se não mesmo pelas suas vidas, no interior esquecido, vítimas dos actos originados por indivíduos, ao que é dado a crer, pelo estudo publicado pela Universidade do Minho, de que grande parte dos incendiários são indivíduos com dificuldades de inserção social e problemas de dependência de drogas e que supostamente respondem às suas frustrações iniciando incêndios, para gozar depois do prazer de ver o resultado das suas tresloucadas acções quando começam a acorrer as forças de combate aos incêndios e os jornalistas ao local. São conclusões que vão no sentido contrário daqueles que têm como gosto tecer teorias da conspiração argumentando que os incêndios são o resultado da acção de grandes interesses económicos sobre a floresta portuguesa. A mim quer me parecer que, sendo verdade o que o estudo referido afirma então façam o seguinte: detenham todas as pessoas que preenchem o perfil avançado pelo estudo, mesmo antes de procederem aos referidos actos, e então saberemos ou não se são apenas indivíduos associais os responsáveis pelos incêndios Mas sem querer procurar quem serão os agentes originários de tais actos, o que se passa também é um grande desmazelo, da parte dos proprietários florestais que podiam proceder à limpeza das matas, à abertura de aceiros que são espaços entre hectares que evitam a propagação de eventuais chamas e facilitam o acesso dos meios de combate às áreas atingidas. Mas todos os anos assistimos quando chegamos a Junho ver os políticos entoar a mesma ladainha: existem mais meios de combate, mais homens no terreno, maior tempo de vigilância, temos a colaboração do exército, etc. O que é certo que todos os anos é que o nosso país figura à cabeça no total de área ardida entre os países com clima mediterrânico semelhante ao nosso, que são a Espanha, a Itália, a Grécia e a França, tendo a maior parte deles mesmo até uma superfície florestal mais elevada que a nossa. Os meios de combate aéreos são todos privados e o estado português tem que dispender quantias avultadas para alugar esses meios. Tal podia ser resolvido com um investimento maciço e pontual em meios de combate próprios. Não sei, mas também podiam existir programas de voluntariado por parte de pessoas que estivessem dispostas a limpar as matas sem necessidade de contrapartida monetária, eu estaria disposto a isso se tiver tempo para tal. P.S.: em relação a este assunto chamo a atenção para o artigo de opinião de José Gomes Ferreira na SIC, onde aponta as razões para uma "conspiração" de interesses económicos em volta da floresta portuguesa.