Outra alma atormentada foi a do o escritor checo Franz Kafka, que, por estranho capricho do destino, faleceu, tal como Edgar Allan Poe, com apenas 40 anos, resultado de uma epidemia de tuberculose. Levou uma vida conturbada em Praga. Era descendente de uma família judia, como muitos outros grandes nomes do seu tempo.
A sua literatura é tão peculiar que foi cunhado um adjectivo para designar o seu estilo –
kafkiano – que trata do estranho infortúnio que atinge todas as nossas vidas, que Kafka, considerava, no seu caso pessoal, mais grave do que a dos outros.
De tal forma sustentava essa vida sobre sim emso, que acabava por falar dessa sua “estranha” vida em todas as suas histórias – passando pelas personagens centrais dos seus contos, desde Gregor Samsa n'A Metamorfose, passando por Joseph K. em O Processo, e simplesmente 'K' em O Castelo. Em todas elas, as suas personagens acabam por sucumbir a um desfecho fatal, depois de atribulações consecutivas, resultado do insólito e do bizarro.
Considera-se hoje, pelos temas abordados e atitude na escrita, que seria como que uma válvula de escape das suas frustrações, que Kafka teria ansiedade social, que consiste, basicamente, em ser susceptível ao julgamento dos outros, coisa que todos nós temos, mas que no seu caso pessoal, transcenderia dos limites da normalidade.
Basicamente, seria alguém estranha e exageradamente preocupado em qualquer acção que pudesse provocar reprovação em relação à sua pessoa por parte dos outros. Tudo isto se revela na sua literatura, pois os seus personagens são alvo da chacota e do temor, para além de serem alvo de acontecimentos trágicos, como que sendo castigados por crimes que nunca cometeram.
Isto é então demasiado evidente n'A Metamorfose, talvez a mais carismática das suas obras, onde o personagem principal acorda transformado num enorme e desprezível insecto – resultado da imagem negativa que Kafka julgava que os outros tinham de si. Imagem essa, que seria, basicamente, a de um monstro.
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