Sobre Karol Wojtyla, mais conhecido no mundo inteiro pela denominação que decidiu tomar após ser eleito há quase 27 anos para o lugar máximo dentro da Igreja Católoca - João Paulo II, que vai ter lugar amanhã (hoje já), não queria deixar de dar a minha opinião. Devo dizer que este foi o único papa que conheci, dado que a minha idade é quase a mesma que a duração total do pontificado. Apesar de não ser cristão (sou agnóstico, como terei oportunidade de vir a expor num post futuro), reconheço que este papa foi o papa que levou a Igreja a um novo patamar da modernidade, colocando-a num patamar cimeiro num mundo globalizado. Este papa não se coibiu de falar em todas as línguas - e vê-se pela maneira como falava que ele não era nenhum papagaio a falar - ele compreendia perfeitamente o sentido das palavras que proferia. Teve um papel interessante na queda do Comunismo na Europa de Leste e nunca se recusou encontrar e ser fotografado ao lado de grandes figuras como Fidel e Mikhail Gorbachev. Saliento acima de tudo a forma como decidiu abrir ao diálogo com as outras religiões, como por exemplo em relação aos judeus reconhecendo-os como "irmãos mais velhos" dos cristãos - aliás não é por acaso que o
Antigo Testamento ainda faz parte da bíblia! E pedindo perdão pela atitude milenar de intolerância dos cristãos em relação aos judeus, perdão foi aliás a imagem que ele sempre teve, quer com o seu potencial assassino Ali Agqa e mais tarde, com o padre espanhol Cron, que o tentou atingir em pleno Santuário de Fátima, em 1982, a primeira atitude de Wojtyla nessa altura foi de dar mesmo a benção ao seu atacante.
Devido à minha inclinação científica, tenho sobretudo a realçar o papel deste papa que finalmente reconheceu que o Universo não é Geocêntrico e reconheceu que tinha errado em relação a Galileu. Afinal sempre o admitiram, mesmo passados mais de 350 anos! Aliás, e vendo bem, a Igreja tem todas as razões para actualmente não atacar - uma vez que a teoria actualmente mais aceite para a Origem do Universo (o
Big Bang) é criacionista ! E, acima de tudo, essa teoria ainda por cima não explica os "porquês" da origem do Universo, limitando-se a descrevê-la apenas nas suas etapas mais essenciais. Ora, isto é um filão que a Igreja pode muito bem explorar, mas lá por não ser possível explicar porque o motivo o Universo
surgiu, isso não quer dizer que tenha
necesseriamente de ter sido
manifestamente por algo ou alguém.
Eu não digo apenas maravilhas do falecido papa, mas manifesta a minha autêntica estranheza pela ideia de condenar o preservativo e todos os contraceptivos em geral. Penso que a ideia de que o amor não vem dos dois parceiros amorosos, mas tem de ter algo mais profundo e provir apenas do Divino, sendo algo que depois não pode ser destruído pelas pessoas (razão mais aludida no passado para a Igreja rejeitar o divórcio), é uma ideia que não passa para além das linhas de um romance. É preciso ver que os contraceptivos, e principalmente no caso do preservativo, não são um estímulo para a possibilidade de manter uma actividade amorosa desregrada, mas sim a possibilidade de evitar males maiores como evitar o contágio de doenças sexualmente transmissíveis.
Enfim, tudo isto são questões para a tarefa que espera o próximo papa, que irá ter a herança mais pesada que algum Papa deve ter tido alguma vez na história de Igreja. Não quer dizer que Wojtyla seja igual a S.Pedro, mas também não fica muito longe dele, pelo impacto que teve nos tempos modernos. Não acredito que o próximo seja capaz de "desfazer" o que Wojtyla trouxe de bom, mas essa questão vai ficar para os perto de cento e vinte cardeais que vão estar reunidos durante bastante tempo no Vaticano, porque a decisão de eleger deve ser tomada tudo menos de ânimo leve. Veremos se o pontificado do próximo papa será tão longo quanto o deste. E espero que nos primeiros tempo entre em digressão pelo mundo inteiro para se tornar conhecido, porque se não o fizer, vai começar a ser atacado por não estar a prosseguir a iniciativa lançada pelo anterior papa. Não posso dar graças a Deus, uma vez que não sou crente, mas desejo a melhor sorte ao próximo Papa, independentemente de, como alguns já aí dizem, poder vir a ser português ou não!
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