A televisão... a televisão é uma janela sobre o mundo, costuma-se dizer, e faz de todos nós espectadores desse mundo fora. Se quisermos saber coisas sob o mundo, basta premirmos o botão respectivo no telecomando e o mundo abre-se para nós, com todas as suas virtudes e defeitos. Mas quereremos mesmo viver neste (ou nesse) mundo ? É a pergunta que mais fazemos após fazermos zapping entre toda a multitude de canais que temos ao nosso dispôr na grelha de qualquer operadora de televisão por cabo, não precisam também de ser muitos, bastam uns dez ou vinte. Podemos sonhar como as nossas crianças, regressando à ingenuidade dos nossos primeiros tempos de vida, vendo os canais Panda ou Cartoon Network, queremos divertir-nos à maluca ? Podemos ir ver os canais musicais MCM, MTV ou o VH1, este último é o meu preferido. Não estou a propôr para que façamos uma Rave em casa, não, apenas apreciar a música. Ou quereremos explorar mais em profundidade este mundo ? Então vamos para os canais documentais: Odisseia, National Geographic, História, etc. Queremos saber como vai o mundo no último milésimo de segundo ? Sintonizem a CNN! Ou se preferirem ficar pelo nosso país de brandos costumes, têm a SIC Notícias, a RTP-N e a novinha TVI24. Podemos saber das desgraças do mundo, do acidente na A2 que levou uma família inteira, mas quem provocou o acidente sobreviveu, e para fazer o contraste, para um melhor dia, para não ouvir só desgraças, acabamos por saber no final do noticiário que uma leoa aceitou adoptar um cordeirinho, esperança que todos os dias há sempre a hipótese de um novo começo! O problema é que todos os dias está sempre a haver um novo começo, estamos a sempre a partir do zero. Mal chegamos do um, estamos já a voltar ao zero de novo!
Enfim, é o mundo que temos, e longe de eu estar aqui a fazer publicidade involuntária à grelha da TV Cabo, é a TV que nos permite ser a janela para o mundo, com todas as suas coisas boas ou más.
Em minha casa, tenho a TV em frente a uma grande janela envidraçada que me permite avistar uma igreja em grande pano de fundo. Tenho a janela para o mundo em frente da janela que me permite ver a realidade em que estou e com a qual me deparo todos os dias. Às vezes esqueço a realidade que tenho lá ao longe, a mirar-me através do vidro da janela (se é que se pode dizer que a realidade nos mira, em contraponto em sermos nós a mirar a realidade!), para poder concentrar-me na janela para o mundo, ela é mais pequena, mas tem um maior alcance, posso viajar no tempo, desde viajar até ao Império Romano, perceber como nasceu a companhia Harley Davidson, saber o último grande discurso de boa vontade de Obama, mas também posso ver as imagens de um grande atentado que varreu do mapa as torres gémeas. No fim, acho que prefiro mas é a vista da janela da realidade mais imediata, ao menos, por nunca sair do mesmo sítio, é mais confortável do que a "realidade" que nos chega através da TV - em que o que hoje é negro amanhã pode muito bem ser branco! E para desfazer-me da realidade da TV, é muito mais simples, basta simplesmente fazer uso do mesmo método com que a actvei inicialmente - o botãozinho!