De vez em quando, durante os dias em que vou aos supermercados, costumo, após já ter conseguido aquilo que precisava, costumo sair para além das caixas registadores, e, particularmente, nas grandes superfícies, que detesto principalmente, por várias ordens de razões, e, uma vez lá fora, paro para pensar um pouco sobre as figuras que os humanos fazem quando estão dentro de um supermercado. Vêm-me a mente os tempos da pré-história, particularmente do Paleolítico, em que os hábitos de subsistência da nossa espécie se resumiam ao de caçador-recolector, na verdade, eram os homens os caçadores e as mulheres as recolectoras (para além da tarefa de amas), apesar de as coisas poderem variar no entanto para fora deste esquema simplista. Mas a que propósito tem esta história dos caçadores-recolectores a ver com os supermercados ? Muito bem ! Hoje em dia, enquanto membros dum mundo hiper-desenvolvido, podemos dizer que a nossa tarefa passou a ser apenas de recolectores, de modo que o esforço dispendido na procura de alimento passou a ser mínimo ou quase nulo, ao contrário das outras espécies que existem no nosso planeta. Talvez isto explique a ocorrência da obesidade. Não é por acaso que se considera a obesidade uma doença dos países hiper-desenvolvidos, onde o número de indivíduos que se entregam ao sedentarismo é enorme. Quer dizer que nos esquecemos da nossa função de caçadores, e hoje em dia a energia que devia ser gasta nesse sentido fica retida nos nossos corpos, sob a forma de massa que nos torna obesos. Mas que raio de importância tem essa história dos caçadores a ver com a nossa vida de hoje ? Pode ser que não, mas no genoma, a espécie humana, não conheçou grandes alterações desde que começou a revolução agrícola no Neolítico, de modo que, nos nossos genes, ainda se encontram gravados os instintos de caçador. Pode ser que não, mas esses instintos ainda persistem em nós, mas são usados ou canalizados noutro sentido como por exemplo, e passo a dar exemplos: em todos aqueles objectivos que prosseguimos com tanta ânsia e motivação acima de todos os outros, pode ser que os nossos genes de caçadores reminiscentes de eras passadas sejam a força básica que nos impele a nunca nos desligarmos de perseguir aqueles objectivos pelos quais nós tanto ansiamos. Acho que se actividade de estar num supermercado não se resumisse à de recolector eu frequentava o supermercado durante mais vezes ! É que a satisfação oriunda do instinto de caçador é de uma ordem de grandeza deveras superior à de recolector : não admira, porque a actividade de caçador permitia no passado a subsistência durante períodos mais agrestes e a de recolector estava associada a períodos de abundância, que é um dos adjectivos que saltam logo à vista quando estamos entre supermercados!!!
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